domingo, 6 de fevereiro de 2011

A sagração de D. Pedro, D. Paulo Cezar e D. Nelson Francelino




Assisti ontem de manhã (05.02.2011), na Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro, a uma das mais belas cerimônias que a Santa Mãe Igreja ainda guarda dos tempos remotos (apostólicos, patrísticos e medievais).

Trata-se da sagração episcopal, que é a plenificação do Sacramento da Ordem. Ou seja, o momento em que o homem que havia sido diácono e presbítero se torna bispo (episcopus), ad aeternum.

Eis um momento em que tenho muito orgulho de ser católico – um bom orgulho, quero crer... Essa é uma de nossas poucas Missas Solenes na qual a liturgia sacrossanta de nossos mais longínquos antepassados é bem-quista, bem-amada e praticada.

O mundo atual é o do capitalismo selvagem, desumanizante e, obviamente, dessacralizante. Foi-se o tempo em que o feudalismo era o sistema econômico e o cristocentrismo era a marca das sociedades europeias. Infelizmente, isso não volta mais.

Pelo menos pudemos herdar desses avoengos seus cerimoniais e cultos de adoração à Santíssima Trindade, juntamente com a veneração a Nossa Senhora e aos Santos e Santas de Deus.

A solenidade que assisti ontem durou quase três horas... como soe ocorrer nas grandes festas litúrgicas em que incidem procissões externas e internas aos templos, ladainhas e muita música.

Graças ao Bom Deus, eu não tive de suportar aquelas músicas ultra-populares e, a meu ver, ultra-piegas das Missas ordinárias. Presenciei durante 3 horas, de pé, pois não havia chegado às 8h30min e sim às 9h15min, já não havendo lugares vazios, uma das cerimônias de que mais gosto em minha religião: o rito da sucessão apostólica.

Uma repetição, um rito, uma súplica à Divindade para que um novo apóstolo nasça no meio de nós. Um ritual que tem dois mil anos e que, certamente, também deita raízes nos que antecederam ao Cristianismo. Similar, mas não igual – nada é igual (!) – às coroações, às aclamações, enfim aos diversos modos de tornar “sacro” o que é “profano”.

Lembrava-nos o famoso teólogo católico Prof. Dr. Pe. Alfonso Garcia Rubio, em uma das aulas de Antropologia Teológica que tive a graça de assistir em minha querida PUC-Rio, que nada é de fato SAGRADO na Igreja, sendo tudo CON-SAGRADO, uma vez que tudo que é nosso é humano, sendo divino somente o próprio Cristo. Por outro lado, a Igreja é o Corpo Místico de Cristo... Essas são minúcias teológicas que não adentrarei aqui. Mas evidente que entendi o ensinamento e que pude perscrutar o significado. Aliás, antes disso eu já era um católico crítico – jamais pretendo deixar de sê-lo. Sempre enxerguei os homens da Igreja como uma coisa e a Igreja (Esposa e Corpo Místico) como outra coisa.    

Voltando à cerimônia e sua beleza: o ordenante/sagrante principal era nosso estimado arcebispo e metropolita, D. Orani João Tempesta, um monge e abade cisterciense, portanto alguém bastante conhecedor das liturgias medievais. Os outros dois sagrantes eram D. Rafael Llano Cifuentes, Bispo Emérito de Nova Friburgo e membro da prelazia de Opus Dei, e D. Frei Elias James Manning, um franciscano nascido em Nova York e que governa a Diocese de Valença desde 1990. Devo dizer que a figura de D. Elias me transpareceu santidade...

Além desses, havia um sem-número de arcebispos e bispos – dentre eles Meu Arcebispo, D. Frei Alano Maria Pena OP, Metropolita de Niterói. Também o Senhor D. Eusébio Cardeal Scheid, Arcebispo Emérito do Rio, marcou presença. Centenas de sacerdotes, diáconos e seminaristas arquidiocesanos, sem contar as veneráveis freirinhas de diversas ordens. Da parte de nossos irmãos protestantes, pude perceber um hierarca anglicano e um representante luterano. Não sei se havia metodistas e presbiterianos.

O momento mais tocante para mim, na liturgia de ordenação presbiteral e na episcopal é o da Ladainha... ali estão sendo invocados todos aqueles que nos precederam na Fé – por representação, óbvio, pois ninguém acha que se poderia dizer o nome de TODOS os santos e mártires do Cristianismo, desde São Pedro e São Paulo até os atuais... Fulgurante ver os ordenandos prostrados ao chão, em sinal de humildade profunda perante o Altar do Santíssimo.

Belíssimo também o momento dos cumprimentos entre os neobispos e os antigos: estes beijam as mãos, osculando levemente o anel, de seus novos colegas.

Os três novos bispos auxiliares da Sé de São Sebastião são ligados à Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Que Deus os abençoe e que sejam símbolos de uma perene evangelização entre os jovens puquianos e de outras instituições de ensino cristãs.

Por fim, o que desejar a D. Pedro, D. Paulo Cezar e D. Nelson Francelino? Que sejam santos!

Estou longe de ser um reacionário católico, mas vivo na contramão do laicismo imperante. Continuo a acreditar piamente na santidade das mulheres e dos homens de Deus que se dedicam a Sua Obra, a Sua Igreja, aos Seus Filhos.

Amém!