terça-feira, 1 de dezembro de 1998

Descendência de Dom Pedro II, Imperador do Brasil

DESCENDÊNCIA PRIMOGÊNITA DE SUA MAJESTADE IMPERIAL
O AUGUSTO SENHOR DOM PEDRO II, IMPERADOR DO BRASIL



(Resumo do trabalho genealógico
Descendência Primogênita do Imperador Senhor D. Pedro II
)

S.M.I. o Augusto Senhor D. Pedro II (nascido S.A.I.R. o Príncipe D. Pedro de Alcantara do Brasil, Príncipe de Bragança), Príncipe Imperial do Brasil (1) (1825-1831), 2º Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil, nasceu na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, a 2 de dezembro de 1825, e faleceu exilado, em Paris, França, a 5 de dezembro de 1891.

Era o sétimo gênito, terceiro varão, de SS.MM.II. o Augusto Senhor D. Pedro I (*1798 †1834) (nascido S.A.R. o Infante D. Pedro de Alcantara de Portugal, Príncipe de Bragança e, depois, Príncipe da Beira - título que cabia ao filho mais velho do Herdeiro do Trono português - e Príncipe Real e Regente do Reino Unido de Portugal, do Brasil e dos Algarves), 1º Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil e a Augusta Senhora D. Maria Leopoldina (*1797 †1825) (nascida S.A.I.R.D. a Princesa Imperial e Arquiduquesa Leopoldine da Áustria, Princesa Real da Hungria e da Bohêmia, Princesa Ducal de Lorena e de Bar, Princesa de Habsburgo-Lorena), 1ª Imperatriz Consorte do Brasil.

O Príncipe Imperial D. Pedro de Alcantara tornou-se Imperador do Brasil em 7 de abril de 1831, pela abdicação do Pai em seu favor. Tendo se alçado ao Trono com somente cinco anos e quatro meses de idade, educou-se sob a tutoria primeiro do Senhor José Bonifácio de Andrada e Silva e depois, do Senhor Marquês de Itanhahém, enquanto o Império vivia sob as Regências: Trina Provisória, Trina Permanente, do Senhor Padre Diogo Antonio Feijó e do Senhor Pedro de Araújo Lima (futuro Marquês de Olinda), até sua maioridade antecipada em 23 de julho de 1840. Coroado a 18 de julho de 1841, portanto aos quinze anos de idade, iniciou seu reinado já na tentativa de equilibrar o País, após o decurso de tantas pequenas e médias revoluções no Período Regencial.

Casou, por procuração, em Nápoles, então capital do Reino das Duas Sicílias, em 1843, com sua prima-segunda, S.A.R. a Princesa D. Teresa Cristina das Duas Sicílias, Princesa de Bourbon(-Anjou), nascida em 1822, e falecida no exílio, no Porto, Portugal, em dezembro de 1889. Era filha do Rei Senhor D. Francesco I das Duas Sicílias e da Rainha-Consorte Senhora D. Maria Isabel, nascida Infanta de Espanha e Princesa de Bourbon(-Anjou).
D. Teresa Cristina era sobrinha de D. Carlota Joaquina.

Deste consórcio, nasceram quatro filhos (Príncipes do Brasil e Príncipes de Bragança): SS.AA.II.RR. o Senhor D. Affonso Pedro (*1845 †1847), Príncipe Imperial do Brasil (1845-47); a Senhora D. Isabel Christina (*1846 †1921), Princesa Imperial do Brasil (1847-48 e 1850-1891); a Princesa D. Leopoldina Thereza (*1847 †1871), e o Senhor D. Pedro Affonso (*1848 †1850), Príncipe Imperial do Brasil (1848-50). Somente as Princesas sobreviveram, esse o motivo de D. Isabel ter se tornado a Herdeira da Coroa.

D. Isabel e D. Leopoldina casaram-se ambas em 1864, com dois primos-irmãos, S.A.R. o Príncipe Gaston de Orleans (*1842 †1922), Conde d'Eu e S.A.D. o Príncipe Ludwig August de Saxe-Coburgo-Gotha (*1845 †1907), Duque na (de) Saxônia (Saxe).
Da descendência da mais velha, que forma as atuais Casa Imperial do Brasil e Casa Principesca de Orleans e Bragança, se falará abaixo; da união de D. Leopoldina com o Príncipe Ludwig August - Luís Augusto -, que foi Almirante da Marinha Brasileira, nasceram também quatro filhos: Pedro Augusto (*1866 †1932), Augusto Leopoldo (*1867 †1923), Fernando José (*1869 †1888) e Ludwig Gaston - Luís Gastão - (*1870 †1942), Príncipes de Saxe-Coburgo-Gotha e Duques na Saxônia. Os dois primeiros, nascidos no Rio de Janeiro, apesar de Príncipes alemães, foram Sucessíveis à nossa Coroa, em vista da aparente infertilidade da tia, até 1875. Alguns descendentes do Príncipe Augusto Leopoldo, por exemplo, têm mantido a nacionalidade brasileira e por isso, constam da Linha de Sucessão ao Trono Imperial.

A Senhora D. Isabel, Princesa de Bragança, Princesa Imperial e Regente do Brasil, nascida no Rio de Janeiro, em 29 de julho de 1846, e falecida no exílio, no Castelo de Eu, na Província da Normandia, França, aos 14 de novembro de 1921, casou-se, na Catedral Imperial do Rio, em 15 de outubro de 1864, com o Senhor Gaston, Príncipe de Orleans. Dessa união, formou-se a DINASTIA DE ORLEANS E BRAGANÇA, uma família de Príncipes com direitos tanto, e principalmente, ao Trono do Brasil, quanto ao milenar Trono da França, por tratarem-se os Orléans da atual Casa Real da França.

O Casal Príncipe Imperial (e também Casal Conde d'Eu) teve três filhos (Príncipes do Brasil e Príncipes de Orleans e Bragança): SS.AA.II.RR. o Senhor D. Pedro de Alcantara (*1875 †1940), Príncipe do Grão-Pará(2) (1875-1891), Príncipe Imperial do Brasil (1891-1908, ren., 30.10.1908) e 2º Príncipe Titular de Orleans e Bragança (1922-40); o Senhor D. Luiz (*1878 †1920), Príncipe Imperial do Brasil (1908-20); e o Príncipe D. Antonio (*1881 †1918). Este último, faleceria em Londres, no término da I Guerra Mundial, em acidente de aviação.

Por ocasião do golpe de estado de 15 de novembro de 1889, que proclamou a República e exilou a Família Imperial, esta dirigiu-se a Portugal - onde veio a falecer, de desgostos, a idosa e adoentada Imperatriz -, e finalmente radicou-se em Paris, onde o Imperador faleceu, em 1891, num modesto quarto de hotel.

Com a morte do Senhor D. Pedro II, D. Isabel tornou-se Chefe da Casa Imperial e de jure 3ª Imperatriz do Brasil, e naturalmente seu primogênito, D. Pedro de Alcantara, o Príncipe Imperial. Entretanto, em 1908, após longos anos de reflexão, D. Pedro de Alcantara resolveu renunciar solenemente aos seus direitos e título na Sucessão ao Trono e à Coroa Imperiais do Brasil, no seu próprio nome e no de cada qual de seus eventuais descendentes, para poder cumprir seus desejos e unir-se matrimonialmente a uma Condessa tcheca do Império Austro-Húngaro, o que não se permite ao Herdeiro do Trono, em nossa Tradição Dinástica. Em Cannes, na presença de seus Pais e inúmeros parentes, ele renunciou aos ditos direitos e "jurou perante a Deus" manter por ele e todos os seus descendentes a confirmação desse ato.

No mesmo ano de 1908, D. Pedro de Alcantara, então apenas Príncipe Hereditário de Orleans e Bragança(3), casou-se com S.E. a Condessa Elisabeth Dobrzensky de Dobrzenicz (*1875 †1951), nascida Baronesa, cujo pai fora elevado a Conde pelo Imperador Senhor Franz Josef I da Áustria, para diminuir a distância entre os cônjuges.

A descendência desse Casal constitui o Ramo Primogênito e Titular da Casa de Orleans e Bragança, tendo todos a dignidade de Príncipes de Orleans e Bragança e o tratamento de Altezas Reais. O Senhor D. Pedro de Alcantara e a Senhora D. Elisabeth tiveram cinco filhos:
S.A.R. a Princesa D. Isabel (*1911), que casou-se em 1931, com o primo, S.A.R. o Príncipe Senhor Henri (*1908 †1999), Chefe da Casa Real da França, Conde de Paris, de jure Henri VI, Rei da França. Tiveram onze filhos, Príncipes da França e Príncipes de (Bourbon-)Orleans. A Princesa escreveu vários livros, alguns dos quais contam, em detalhes, a saga de nossa Família Imperial no exílio.
S.A.R. o Príncipe Senhor D. Pedro Gastão (*1913), 3º Príncipe Titular de Orleans e Bragança, Primogênito do Brasil.
O Senhor D. Pedro Gastão, residente no Palácio do Grão-Pará e acionista majoritário da Companhia Imobiliária de Petrópolis, é o atual Chefe da Casa Principesca (Princeps) de Orleans e Bragança, embora desse fato não lhe advenha qualquer possível direito ao Trono do Brasil.
Casado em 1944, com S.A.R. a Princesa D. Esperanza de Bourbon(-Anjou) (*1914), da Realeza da Espanha, é pai de seis filhos: o Senhor D. Pedro Carlos (*1945), Príncipe Hereditário de Orleans e Bragança, casado e pai de dois filhos; a Princesa D. Maria da Glória (*1946), que foi esposa do Chefe da Casa Real da Iugoslávia, dele tendo três filhos e atualmente é casada com o Duque de Segorbe, da Nobreza da Espanha e tem deste dois filhos; o Príncipe D. Afonso Duarte (*1948), casado e pai de duas filhas; o Príncipe D. Manuel Álvaro (*1949), casado e pai de dois filhos; a Princesa D. Cristina (*1950), divorciada do Príncipe polonês Jan Pavel Sapieha-Rozanski e mãe de suas duas filhas; e o Príncipe D. Francisco Humberto (*1956), casado e pai de um filho.

S.A.R. a Princesa D. Maria Francisca (*1914 †1968), que casou-se em 1942, com o primo, S.A.R. o Príncipe Senhor D. Duarte Nuno (*1907 †1976), Chefe da Casa Real de Portugal e Duque de Bragança, de jure D. Duarte II, Rei de Portugal. Tiveram três filhos (Infantes de Portugal e Príncipes de Bragança): o mais velho, o Senhor D. Duarte Pio (*1945), é o atual Chefe da Casa Real de Portugal e Duque de Bragança.
S.A.R. o Príncipe D. João (*1916), que casou-se, em 1949 (div. 1971), com S.E. a Xarifa Fatma Chirine (*1923 †1990), da Nobreza do Egito, e dela teve um único Filho: o Príncipe D. João Henrique (*1954), casado e pai de dois filhos. D. João é oficial de reserva da Aeronáutica e foi um dos diretores da antiga Panair do Brasil. Seu filho, D. João Henrique, é famoso globe-trotter e especializado fotógrafo. Possuem residências no Rio e em Parati.
S.A.R. a Princesa D. Thereza (*1919), que casou-se, em 1952, com o Senhor Ernesto Martorell y Calderó (*1921 †1985) e é mãe de suas duas filhas. Reside em Portugal.
O segundo filho de D. Isabel e do Conde d'Eu, o Príncipe D. Luiz, tornou-se Príncipe Imperial do Brasil, no exílio, em 1908, após a renúncia de seu Irmão mais velho. Considerado por seu primo, o Rei Albert II dos Belgas, "homem como poucos, Príncipe como nenhum" e, por isso mesmo cognominado "Príncipe Perfeito", D. Luiz foi grande literato; sua maior obra "Sob o Cruzeiro do Sul", versava sobre a terra longínqua e inesquecível, com admirável brilhantismo. Tentou rever seu amado Brasil, mas foi impedido de desembarcar aqui, em 1909, por ordens do então Presidente Affonso Pena. Morreu em decorrência de enfermidades adquiridas no fronte, na I Guerra Mundial, onde lutou com os Aliados.

O Senhor D. Luiz casou-se, também em 1908, com sua prima-terceira, S.A.R. a Princesa D. Maria Pia das Duas Sicílias, Princesa de Bourbon(-Anjou) (*1878 †1973), e teve dela três filhos (Príncipes do Brasil e Príncipes de Orleans e Bragança), o que fez prosseguir a Dinastia Imperial: o Senhor D. Pedro Henrique (*1909 †1981), Príncipe do Grão-Pará (1909-20), Príncipe Imperial do Brasil (1920-21), Chefe da Casa Imperial e de jure Imperador Senhor D. Pedro III do Brasil (1921-81), do qual se falará abaixo; o Senhor D. Luiz Gastão (*1911 †1931), Príncipe Imperial do Brasil (1921-31), que faleceu aos vinte anos e tem fama de santidade; e a Senhora D. Pia Maria (*1913), Princesa Imperial do Brasil (1931-38), que casou-se com um nobre francês, o Conde René de Nicolaÿ (*1910 †1954), teve dele dois filhos e é sua viúva.

S.A.I.R. o Augusto Senhor D. Pedro Henrique, nascido no exílio da Família Imperial, na casa de Boulogne-sur-Seine, nos arredores de Paris, foi educado primeiramente por sua Avó e depois, por sua própria Mãe e inúmeros preceptores brasileiros, para ser Imperador do Brasil. Aos onze anos, ficou órfão de Pai e, no ano seguinte, sua veneranda Avó, a "Redentora", também faleceu, o que fez dele o nosso Imperador, de direito, no exílio, pelo fato de ser o sucessor dinástico direto de D. Isabel. Quando da revogação da Lei de Banimento, em 1920, pelo Presidente Epitácio Pessoa, ele veio com a mãe, os irmãos, os tios e primos, encabeçados pelo Senhor Conde d'Eu, conhecer seu País. Em 1922, por ocasião das comemorações do Centenário de nossa Independência, novamente a Família Imperial retornou ao solo pátrio, para aqui receber as devidas honrarias, já infelizmente sem a possibilidade de participação da Senhora D. Isabel. Aliás, nessa época, ocorreu o triste fim do Marechal Conde d'Eu, velho personagem histórico brasileiro, como herói da Guerra do Paraguai, quando estava a bordo do navio "Massília".

Retornando à Europa e concluindo seus altos estudos de Ciências Sociais e Políticas em Sorbonne, o Senhor D. Pedro Henrique contraiu núpcias, em Munique, Alemanha, Capital do antigo Reino da Baviera, em 1937, com S.A.R. a Princesa Maria da Baviera (*1914), neta do último Rei bávaro, Ludwig III. Em pouco tempo, lá estourou a II Grande Guerra, o que o impediu de retornar ao Brasil, tendo os quatro primeiros filhos do Casal Imperial nascido na França. A Princesa, que tornou-se a Augusta Senhora D. Maria, Princesa (ou Imperatriz) Consorte do Brasil, após o casamento, é a nossa atual Princesa (ou Imperatriz) Mãe.

Eles tiveram doze filhos (Príncipes do Brasil e Príncipes de Orleans e Bragança), a maioria dos quais renunciou solenemente, antes de contraírem suas núpcias, aos seus direitos e título do Brasil, para poder desposar moças que, embora advindas de famílias brasileiras das mais aristocráticas, não pertenciam à Realeza. Ainda assim, todos os descendentes legítimos e varonis desses Príncipes de Orleans e Bragança possuem essa mesma condição, além do tratamento de Altezas Reais, exatamente como os do Ramo Primogênito. Como se segue:
S.A.I.R. o Augusto Senhor D. Luiz (*1938), Príncipe Imperial do Brasil (1938-81), Chefe da Casa Imperial e de jure Imperador Senhor D. Luiz I do Brasil (1981- ). Sem aliança.
O atual Chefe da Casa Imperial, herdeiro dos direitos dinásticos ao Trono e à Coroa do Brasil é Grão-Mestre de todas as Ordens Imperiais brasileiras. É homem de cultura vastíssima e educação primorosa. Cursou Química em Munique, mas não pratica a profissão. Dedica-se integralmente ao Movimento Monárquico brasileiro. É católico fervoroso e persiste na luta de seu Pai e boa parte de seus antepassados na defesa da prática firme dos valores morais da Cristandade.
Reside em São Paulo.

S.A.I.R. o Príncipe D. Eudes (*1939), ren. 1966. É oficial de reserva da Marinha do Brasil.
Casou-se em 1967 com a Senhorita Ana Maria [de Cerqueira-César] de Moraes-Barros, tendo dela dois Filhos: SS.AA.RR. o Príncipe D. Luiz Philippe (*1969) e a Princesa D. Anna Luiza (*1971), atual Sra. Paulo Ibrahim Mansour.

S.A.I.R. o Senhor D. Bertrand (*1941), Príncipe Imperial do Brasil (1981- ). Bacharel em Direito pela USP. Sem aliança.
O Príncipe Imperial D. Bertrand assessora seu Irmão na coordenação do Movimento Monárquico, com ele partilhando dos mesmos princípios de Fé que têm mantido as Dinastias há mais de dois mil anos.
Reside em São Paulo.

S.A.I.R. a Princesa D. Isabel (*1944). Estudou Língua e Civilização Francesa e Alemã. Sem aliança. Mora com a Princesa Mãe no bairro da Lagoa, no Rio.
S.A.I.R. o Príncipe D. Pedro de Alcantara Henrique (*1945), ren. 1972. É graduado em Economia pelo Instituto Bennett.
Casou-se em 1974 com a Senhorita Maria de Fátima [de Andrada] Baptista-de-Oliveira Rocha (*1952), tendo dela cinco filhos: SS.AA.RR. a Princesa D. Maria Pia (*1975), a Princesa D. Maria Carolina (*1978), o Príncipe D. Gabriel (*1980) & as Princesinhas D. Maria de Fátima Isabel (*1988) e D. Maria Manuela (*1989). Vivem em Botafogo, no Rio.

S.A.I.R. o Príncipe D. Fernando Diniz (*1948), ren. 1975. É graduado em Economia pelo Instituto Bennett.
Casou-se em 1975 com a Senhorita Maria da Graça de Siqueira-Carvalho Baere de Araújo (*1952), tendo dela três filhas: SS.AA.RR. a Princesa D. Isabel Eleonora (*1978), a Princesa D. Maria da Glória Cristina (*1982) & a Princesinha D. Luiza Carolina (*1984). Moram no tranqüilo bairro da Urca, no Rio.

S.A.I.R. o Príncipe D. Antonio João (*1950).
O Príncipe D. Antonio João do Brasil é o herdeiro dinástico de seus dois irmãos mais velhos. Ele é engenheiro civil, graduado pela Universidade de Barra do Piraí (RJ) e exímio aquarelista - já expôs suas obras, tendo sido reconhecido pelo talento. Reside em Petrópolis, no bairro do Morin.
Casou-se, em 1981, em Beloeil, na Bélgica, com S.A. a Princesa Christine de Ligne(4) (*1955), da Família Principesca belga desse nome e teve dela quatro filhos (Príncipes do Brasil e Príncipes de Orleans e Bragança), os Herdeiros do Trono Imperial, no futuro: SS.AA.II.RR. os jovens Príncipes D. Pedro Luiz (*1983), D. Amélia (*1984) e D. Rafael Antonio (*1986) & a Princesinha D. Maria Gabriela Fernanda (*1989). Eles são respectivamente o 4º, a 6ª, o 5º e a 7ª na atual Ordem de Sucessão à Coroa.

S.A.I.R. a Princesa D. Eleonora (*1953). É licenciada em História pela PUC-Rio.
A Princesa D. Eleonora do Brasil casou-se, no mesmo ano de 1981, com o irmão mais velho da sua cunhada, a Princesa D. Christine, S.A. o Príncipe Hereditário Michel de Ligne (*1951). Eles tiveram dois filhos: a Princesa Alix-Marie de Ligne (*1984) e o Príncipe Henri-Antoine de Ligne (*1989), respectivamente a 11ª e o 10º na Linha de Sucessão, que possuem a nacionalidade brasileira, além da belga, obviamente.
Reside no Castelo de Beloeil, na Província de Hainaut, Bélgica.

S.A.I.R. o Príncipe D. Francisco (*1955), ren. 1980. É graduado em Economia pelo Instituto Bennett.
Casou-se em 1981 com a Senhorita Cláudia Regina Martins Godinho (*1954), tendo dela três filhas: SS.AA.RR. a Princesa D. Maria Elisabeth (*1982) e as Princesas gêmeas D. Maria Thereza Christina & D. Maria Eleonora (*1984). Residem no Rio, no bairro do Arpoador.

S.A.I.R. o Príncipe D. Alberto (*1957), ren. 1982. Bacharel em Direito pela UFRJ. Especialista em Assessoria Jurídica Empresarial.
Casou-se em 1983 com a Senhorita Maritza Ribas Bokel (*1961), tendo dela quatro filhos: SS.AA.RR. os jovens Príncipes D. Pedro Alberto (*1988) e D. Maria Beatriz (*1990) & os Principesinhos D. Anna Thereza (*1995) e D. Antonio Alberto (*1997). Moram no bairro do Itanhangá, no Rio.

S.A.I.R. a Princesa D. Maria Thereza (*1959), ren. 1995. É graduada em Desenho Industrial pela PUC-Rio.
Casou-se em 1995 com o Senhor Johannes Hessel de Jong (da Aristocracia holandesa) e tem dois filhos.
Reside em Tervuren, Bélgica.

S.A.I.R. a Princesa D. Maria Gabriela (*1959). É graduada em Comunicação pela PUC-Rio. Brilhante pintora, especializada em trompe-l'oeil.
Gêmea da Precedente.

 
NOTAS
1 - Título conferido pela Constituição Política do Império do Brasil ao Herdeiro Direto do Soberano. (voltar)

2 - Título conferido pela Constituição ao Primogênito do Príncipe Imperial. (voltar)

3 - A designação de "Príncipe Hereditário" aqui é parte de uma série de teorizações do Autor acerca da renovação dos títulos e tratamentos da Realeza. Deve ser interpretada tal qual "Príncipe Herdeiro", ainda que sem equiparação com os Príncipes Herdeiros de Casas Reais reinantes. (voltar)

4 - Descendente de El-Rei o Senhor D. João VI, por duas vezes, na quinta geração, por linhagem feminina, a de sua mãe, a Princesa Alix de Luxemburgo (*1929), Princesa de Parma e Princesa de Bourbon-Nassau-Weilburgo, bisneta de El-Rei o Senhor D. Miguel I e, portanto, sobrinha-bisneta do Imperador Senhor D. Pedro I. (volta)

LEGENDA
S.M.I. = Sua Majestade Imperial
SS.MM.II. = Suas Majestades Imperiais
S.A.I.R. = Sua Alteza Imperial e Real
SS.AA.II.RR. = Suas Altezas Imperiais e Reais
S.A.I.R.D. = Sua Alteza Imperial, Real e Ducal
S.A.R. = Sua Alteza Real
SS.AA.RR. = Suas Altezas Reais
S.A.D. = Sua Alteza Ducal
S.E. = Sua Excelência
de jure = de direito
ren. = renunciou em

• Este texto foi publicado na revista "Bombeiro Imperial" (Dezembro de 1998), do Grupamento Imperial D. Pedro II do
Corpo de Bombeiros Militar do Rio de Janeiro
(CBMERJ)•


terça-feira, 5 de maio de 1998

Os Biron de Curlândia


A Curlândia (forma aport. do original letão Kurzeme) é uma região da Europa, na costa do Mar Báltico e limitada pelo Rio Dvina, cujo povo tem origens nacionais ancestrais datando do séc. IX, quando estabeleceu-se a primeira Monarquia (ou Aristocracia?) tribal dos curos (grupo fino-úgrico).

Em 1237, os Cavaleiros Lituanos da Ordem Teutônica - também conhecidos como Cavaleiros do Gládio -, conquistaram as terras dos curos, através de uma pequena cruzada. Em 1230, o Rei dos Curos, Lamikis, decidiu aceitar o Cristianismo, foi batizado e tornou-se vassalo imediato do Poder Papal. Os Cavaleiros, no entanto, por ordem do Bispo de Curlândia, tomaram possessão nominal sobre o País, impedindo o Rei de receber a coroa das mãos do Papa.

Em 1269, eles instituíram um feudo definitivo nas terras curas, que perdurou pelos próximos trezentos anos. No ano de 1561, os Cavaleiros Lituanos dissolveram a Ordem e agruparam a Curlândia e a Semigallia num Estado denominado Ducado de Curlândia. Seu trono foi entregue ao último Grão-Mestre da Ordem, o Cavaleiro Gotthard Kettler, iniciador da Dinastia que governaria o povo curo até o séc. XVIII.

Os Kettler - que, lembremos, são de origem germânica - desenvolveram o País, legando-lhe uma aura de prestígio que já incomodava a Rússia expansionista; não foi outra a razão de sua suserania à Polônia dos Jagellon, e, posteriormente, dos Wettin, desde a formação do Ducado. No séc. XVII, o Duque Jakob III (*1610 †1682) - casado com a Princesa Louise Charlotte de Hohenzollern (*1617 †1676), Princesa de Brandeburgo -, cujo reinado se estendeu de 1640 a 1682, fez florescer no País o progresso econômico e cultural; ampliou e modernizou a Marinha e incentivou a criação de inúmeras instituições cívicas. Chegou mesmo a tentar o estabelecimento de colônias nas Índias (Tobago) e na África (Gâmbia).

O declínio iniciou-se, porém, já no reinado de Jakob, quando, em 1658, a Suécia em guerra com a Polônia, invadiu e tomou a Capital Nacional, Ielgava (Mitau) e seqüestrou o Duque. Ao retornar, dois anos mais tarde, seu Ducado já era outro, bastante deteriorado. Seus sucessores continuaram a manter um pouco da glória passada, através de algumas honrosas uniões dinásticas, como a do Duque Friedrich Wilhelm (*1692 †1711), em 1710, com a filha do Czar Ivan V da Rússia (†1696), Anna, que ascenderia ao Trono russo, no futuro, por ocasião da morte de seu primo-sobrinho, Pedro II (*1715 †1730), o neto e sucessor de Pedro (Piotr) o Grande (*1672 †1725).

O último Duque de Curlândia da Dinastia Kettler faleceu em 1737. Por recomendação da então Imperatriz Anna da Rússia (*1693 †1740), elegeu-se o Conde Ernst Johann de Biron (*1690 †1772), seu favorito, (nascido na Curlândia, como Ernst-Johann Bühren, plebeu de origem alemã, cuja família emigrou em 1573), para ocupar o Trono Ducal.
Biron era um aventureiro que, após seduzir a sua Duquesa e posterior Imperatriz, conseguiu realizar todos os planos megalômanos imagináveis a um sem-berço, no que pode-se perfeitamente chamar de aspirações bonapartistas. De tal forma sua influência foi exercida na Rússia após a ascensão de Anna, que este período histórico costuma ser chamado de BIRONOVSCHINA.

Neto de um cavalariço do Duque Jakob, Biron estudou na Academia Militar de Königsberg e depois de ter sido expulso por má conduta e torrado suas economias na Rússia, retornou a Mitau, onde foi apresentado à Duquesa, Anna Ivannovna... Tornou-se seu amante e Conselheiro-Chefe em 1727.

Três anos a seguir, ele obteve do Sacro Império o título de Reichsgraf (Conde) e o Senhorio de Wattenberg, na Silésia. Ao subir Anna ao Trono da Rússia, no mesmo ano, ele, apesar de casado com Fräulein B. G. Trotta von Treiden, não hesitou em acompanhar a Imperatriz e iniciar seu verdadeiro "reinado" no Império dos Romanov.

Não podendo dispor de cargos administrativos oficiais por ser estrangeiro, Biron foi, no entanto agraciado com o título de Chanceler da Corte Imperial e recebeu o Estado vassalo de Wenden (atual Cesis) na Letônia. Foi o grande líder e incentivador do grupo germanófilo que dominou a Corte de Anna, desprezando a pequena Nobreza russa que, portanto, lhe dedicou ódio mortal.

Tornado Duque de Curlândia em 1737 e nomeado Regente do Império, em 1740, na menoridade do Czar Ivan VI (*1740 †1764), Imperador por um ano, sobrinho-neto de Anna e, na realidade, Príncipe de Brunswick-Wolffenbüttel - "O Trono da Rússia não é herdado, é possuído..." - o que seria, no futuro, assassinado sob as ordens de Catarina (Yekaterina) a Grande (*1729 †1796), Biron não chegou a praticar essas funções, visto que foi capturado pelo arqui-inimigo, o Conde Burkhard de Münnich, que o exilou na Sibéria. Tendo de lá escapado em 1742, ele se instalou em Yarolslav; vinte anos depois, foi anistiado e reentrou na Corte russa, por orientação de Catarina II. Esta o restaurou em Curlândia, com a força das tropas, em 1763. O País havia sido, na sua ausência, governado pelo Príncipe Karl da Saxônia (*1733 †1796), filho de Friedrich August II (*1696 †1763), Eleitor da Saxônia e III como Rei da Polônia.

Em 1769, o Duque Ernst Johann abdicou em favor de seu filho, o Duque Peter; este, por sua vez, cedeu o Ducado à Rússia, finalmente, em 1795.
 
A Família Ducal da Curlândia - cujos Membros têm sido protestantes ou católicos, conforme considerações pessoais - é conhecida sob o nome de BIRON DE CURLÂNDIA (em Fr. Biron de Courlande, em Al. Biron von Kurland) e seus títulos eram reconhecidos pelo Almanach de Gotha e o são pelo atual Genealogisches Handbüch des Adels, como parte das Realezas da Rússia e da Prússia.

O atual Chefe da Casa Biron de Curlândia é S.A.S. o Príncipe Senhor Ernst Johann (*1940), filho de S.A.S. o Príncipe Senhor Karl (*1907 †1982), e de S.A.R.S. a Princesa Herzeleide da Prússia (*1918 †1989), Princesa de Hohenzollern.

O Príncipe Karl era filho de S.A.S. o Príncipe Gustav Biron de Curlândia (*1859 †1941) e de S.E. a Nobre Françoise de Jaucourt (*1874 †1956); a falecida Princesa Herzeleide era filha de S.A.R.S. o Príncipe Oskar da Prússia (*1888 †1958) e de S.E. a Condessa Ina Maria de Bassewitz (*1888 †1973), sendo uma neta do Kaiser Wilhelm II (*1859 †1941).

Ernst Johann, Príncipe Biron de Curlândia, é casado, desde 1967, com a Condessa principesca Elisabeth de Ysenburg-Philippseich (*1941); eles não têm filhos e, por isso, adotaram duas meninas. A sucessão recairá, no futuro em seus sobrinhos, filhos do Príncipe Michaël (*1944).
 
O lema da Casa Biron de Curlândia é: Croyez Biron constant dans l'infortune.
 
 

sábado, 10 de janeiro de 1998

Liechtenstein: do principado medieval ao moderno Estado


Quando se fala em Liechtenstein, geralmente vêm à tona dois pensamentos incorretos. O primeiro e mais comum é também o mais injusto e inverídico: a afirmação de que o Principado é o paraíso fiscal da Europa; o segundo é a inexplicável idéia de defini-lo simplesmente como a fronteira entre as "famosas" Áustria e Suíça. Ambos pensamentos são falsas impressões e ofendem muito aos liechtensteinenses, pois não têm fundo real algum. No primeiro caso porque lá, assim como em qualquer outro País do mundo, há taxas e impostos - mesmo sendo fato que as empresas gozam de privilégios fiscais, o que não significa ausência total de impostos, como ocorre, por exemplo, nas Ilhas Caymam. E no segundo caso porque restringe à Nação apenas uma de suas características, descartando dessa forma a oportunidade de se conhecer detalhadamente a cultura e a História próprias desse pequeno, porém próspero, Principado, que fica no coração da Europa.

Aliás, que História fascinante tem o Liechtenstein! Esse mini-estado, que bem poderia ser denominado "o último dos Principados" - numa alusão às Monarquias que compunham tanto o I quanto o II Reich alemães, um dissolvido por Napoléon Bonaparte, que achou-se capaz de destituir o Sacro Imperador Romano-Germânico, e o outro assolado pela catastrófica I Guerra Mundial - já que seu único análogo, Mônaco, tem formação histórica totalmente diversa das suas origens teutônicas. A saga do quarto menor país do planeta (160 km2) sempre poderá ser resumida no seguinte questionamento: Por que mesmo com a deposição da Monarquia Austro-Húngara em 1919, o Principado de Liechtenstein manteve-se como Nação soberana, se sua Família Reinante era tão austríaca quanto muitas outras despojadas de seus títulos e territórios? Apesar dos historiadores creditarem à neutralidade do País na Guerra a salvação do Trono, tudo indica que a Suíça foi a fiel amiga dos liechtensteinenses nesse crucial momento.

Utilizando-se de seu peso diplomático, ela preferiu que as instituições governamentais de seu minúsculo vizinho mantivessem-se intactas, talvez para fazer dele um resquício emblemático do glorioso passado feudal europeu. Nem todo o espírito democrático suíço resistiu ao charme do Principado de Liechtenstein! A partir de 1921, foram estabelecidos vários tratados aduaneiros entre os dois países. Fatores como representação diplomática, defesa e sistema monetário seriam então realizadas pela Suíça. Um tratado postal estabeleceu, no entanto, que os selos do Principado teriam caráter nacional e seriam amplamente independentes dos suíços. É graças a esse pacto que Liechtenstein desfruta hoje de um prestígio mundial na produção de selos e estampas que fazem a alegria dos filatelistas. Há até um Museu Postal em Vaduz, onde são expostos os primeiros das incontáveis séries já lançadas no Principado.
Retornando à História do País, pode-se dizer que nos primórdios, a região foi habitada pelos celtas (cerca de 3000 A.C.). No ano 15 A.C., o Império Romano conquistou o lugar, incorporando-o à Província de Rhaetia. Os germanos só chegaram onde atualmente fica o Principado em meados do séc. IV. Com o advento do feudalismo, logo Liechtenstein também sofreu mudanças. Em 1342, houve a formação do Condado de Vaduz, resultado da divisão dos bens dos Condes de Werdenberg. O Castelo, já existente, é mencionado pela primeira vez no reinado dessa Dinastia, e torna-se a residência dos Condes de Vaduz a partir de Hartmam III. 

Durante as Guerras da Suábia e dos Trinta Anos, o Castelo foi agredido por irreparáveis danos. Somente em 1699, um Príncipe austríaco de nome Johannes Adam Andreas von Liechtenstein adquiriu o Senhorio de Schellenberg, seguido pelo Condado de Vaduz, em 1712, conseguindo fazer com que o Imperador Karl VI os elevasse à categoria de Imperial Principado, que recebe então o nome de sua Dinastia: Liechtenstein.

Após perecer em inúmeras situações críticas, como a invasão napoleônica em 1799, o país finalmente conquistou sua soberania em 1806, na Confederação do Reno. Em 1815, Liechtenstein foi incluído na Confederação Germânica, presidida pela Áustria, com a qual seus laços são ainda mais estreitados em 1852, através de um tratado de custos. O fim da Confederação, em 1866, confirma a soberania do Principado, que já possuía à época um Parlamento (Landtag), inaugurado quatro anos antes pelo Príncipe Johann II (*1858 †1929), considerado o pai do moderno estado e cognominado pelo povo de "o Bom".

Depois de Johann II, o Príncipe Reinante que mais marcou a vida e os costumes dos liechtensteinenses foi, sem sombra de dúvidas, Franz Josef II (*1906 †1989), que governou de 1938 até 1984. Esse Príncipe, além de fixar residência no País - antes dele, todos residiram no Palácio Liechtenstein, em Viena - foi o grande responsável pela enorme admiração e afeição que o povo nutre pela Monarquia, ao ponto de nenhum partido político discutir a substituição dessa forma de governo. Quando em 1938, Franz Josef assumiu o Trono, ele mandou restaurar por completo o Castelo de Vaduz, para que servisse de moradia permanente da Família Principesca. Em 1984, ele delegou seus poderes representativos ao filho mais velho, o Príncipe Hereditário Hans-Adam (*1945). Sua morte, em 13 de novembro de 1989, precedida pela de sua Esposa, a venerada Princesa Gina (*1921 †1989), em 18 de outubro, consternou de tal forma a população que ela compareceu em peso aos funerais.
O Herdeiro foi então aclamado "Sua Alteza Sereníssima Hans-Adam II, pela Graça de Deus, Príncipe Reinante de Liechtenstein, Duque de Troppau e Jägerndorff, Conde de Rietberg" e iniciou seu reinado anunciando à Nação que ela fora admitida como o 160º membro da ONU. Ele prossegue a luta de seu Pai, no sentido de reaver os bens (terras e castelos) confiscados pelos comunistas na ex-Tchecoslováquia em 1945 - trata-se de uma propriedade ancestral de 1600 km², dez vezes o tamanho do Principado, avaliada em cerca de US$ 1 bilhão.

Em 1993, o povo regozijou-se com o casamento de seu filho mais velho, o Príncipe Hereditário Aloïs (*1968), com a Princesa Sophie da Baviera, Duquesa na Baviera (*1967). Algo de místico cercou esta nobre boda, talvez pelo fato de ser a primeira vez que os liechtensteinenses viram a união de seu Príncipe Herdeiro com uma Princesa de verdade; é que tanto a atual Princesa Reinante quanto sua sogra e antecessora eram Condessas antes de se casarem. Ainda que a primeira fosse uma "Alteza" do antigo Sacro Império e a segunda nem isso, o enlace entre seu Príncipe com um membro da Casa de Wittelsbach, uma das mais antigas Dinastias Germânicas, em uma época cada vez menos comum de se assistir a tais uniões, simplesmente encantou-os. Toda a renda obtida com a venda de souvenirs do casamento foi destinada ao tratamento das crianças feridas na Guerra da ex-Iugoslávia.

No mesmo ano de 1993, ocorreram entretanto em Liechtenstein graves distúrbios políticos, ligeiramente solucionados pelo Príncipe Hans-Adam II que, exercendo o que nós chamaríamos de Poder Moderador, dissolveu o Landtag e convocou eleições gerais. A crise foi ocasionada pelas disputas dos dois principais partidos, o dos Cidadãos Progressistas e a União Patriótica. Em 1994, um plebiscito aprovou a entrada do Principado no Espaço Econômico Europeu.

No quesito cultural, não são poucas as coisas a se dizer sobre Liechtenstein. A maioria da população fala um Alemão regional, porém nas escolas - únicos centros de estudo que o País possui; ao terminarem o segundo grau, os estudantes ingressam em universidades suíças, austríacas ou mesmo americanas - ensina-se o Alemão formal (Hoher Deutsch). Triensenberg é uma exceção, pois ali fala-se um dialeto próprio, o "walseriano", herdado dos seus antepassados e tradicionalmente transmitido de geração a geração. O Catolicismo é praticado por 85% da população e ainda influencia consideravelmente o seu jeito de ser e de viver.

Dos 30.000 habitantes de Liechtenstein, 11.500 (38%) são estrangeiros suíços, alemães, austríacos e de outras nacionalidades. O povo liechtensteinense pode ser descrito como ordeiro e pacato, mas é bastante trabalhador. O Principado tem indústrias de pequeno e médio porte e são famosos pela qualidade os produtos odontológicos. Inexiste desemprego e a renda per capita é superior a US$ 30 mil.

Todos os anos são realizadas algumas festividades, alegremente celebradas pelo povo. Além do Fasnacht (Carnaval), são também feriados o 14 de fevereiro (Aniversário do Príncipe) e o 15 de agosto (Dia Nacional). Nessas ocasiões é comum se ver desfiles infantis e queima de fogos, tudo num clima muito descontraído que conta com a presença até da Família Reinante.
Geograficamente falando, Liechtenstein se divide em onze comunas, todavia na prática ele é separado em dois distritos eleitorais, o país alto - correspondente ao antigo Senhorio de Schellenberg -, que elege seus dez deputados, formado por Eschen, Gamprin, Ruggell, Mauren e Schellenberg e o país baixo - correspondente do antigo Condado de Vaduz -, que elege seus quinze deputados, formado por Balzers, Triesen, Schann, Triesenberg, Planken e Vaduz. As vilas de Planken, Triesenberg e Schellenberg ficam situadas nas montanhas.

Vaduz, a capital e centro cultural da Nação, conta com inúmeros pontos de atração turística. Afora o já citado esplendoroso Castelo, a cidade possui a bela Igreja de São Floriano, em estilo neo-gótico, erguida em 1793 pelo arquiteto Friedrich von Schmidt; próximo a ela, fica o Palácio do Governo, que abriga a Câmara dos Deputados e o gabinete do Primeiro-Ministro; entre esses locais, encontra-se o monumento ao músico e compositor Josef Gabriel Rheinberger (*1839 †1901), um liechtensteinense famoso por suas interpretações de clássicos religiosos - a casa em que nasceu é hoje a Escola Nacional de Música -; a "Casa Vermelha", com sua instigante arquitetura; o Museu Nacional, onde estão expostos alguns dos quadros da Coleção de Arte dos Príncipes de Liechtenstein, composta por dezenas de obras de pintores como Rubens, Van Dick, Franz Hals, etc., adquiridas pela Casa Principesca desde o séc. XVI e de valor incalculável.

Os outros principais pontos turísticos do Principado estão bem espalhados. Em Balzers, há o pequeno Castelo de Gutenberg e a Capela de São Pedro; em Triesen, a Capela de São Mamerto, a Reserva Ambiental Heilos e o Centro Comunitário; em Eschen, a Capela de Rofenberg e a restaurada Casa de Prebendaria, sendo esses os mais importantes.
Grande parte dos turistas - cerca de cem mil por ano - busca no País uma espécie de refúgio aconchegante, daí ter razão de existir um grande número de colônias de férias, cujas atividades estão basicamente voltadas para interesses desportivos de verão e inverno. As maiores colônias localizam-se em Malbum e Steg.

A culinária de Liechtenstein é bastante variada e inclui uma especialidade, a käsknöpfle (pequenas bolinhas feitas com massa de farinha de trigo e ovos, gratinadas com queijos azedos) e saborosos vinhos. Os restaurantes, muito finos e requintados, são considerados os melhores da região helvética.

No vale do Rio Reno, sua fronteira com a Suíça, se estabelecem oito das onze comunas; para quem aprecia longos passeios de barco e a beleza dos fabulosos castelos germânicos, esta é a melhor parte da visita ao Principado.

Enfim, se ao visitar Liechtenstein, você tiver a nítida sensação de estar pisando num pedaço do Reino da Fantasia, isto será verdadeiramente compreensível...